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Criminosos aplicam golpe do falso sequestro em idosa de Alvorada

Mulher de 74 anos recebeu ameaça de que seus filhos estavam sob a mira de bandidos, ao mesmo tempo em que eles eram intimidados por suposta situação de risco da mãe.

Foto/Divulgação JA


Uma mulher de 74 anos foi vítima de um falso sequestro entre os dias 28 e 29 de julho na Região Metropolitana. A idosa recebeu ameaças de que seus filhos estavam sob a mira de criminosos ao mesmo tempo em que eles eram intimidados pelo suposto sequestro da mãe. Moradora de Alvorada, a vítima estava em casa quando recebeu uma ligação por volta do meio dia da última quarta-feira (28). Do outro lado da linha, criminosos diziam que haviam sequestrado seus filhos e pediam dinheiro para o resgate. Desesperada, foi ao banco e fez transferências de R$ 5 mil e R$ 3 mil para uma conta bancária do Rio de Janeiro.

Mesmo com os depósitos, os criminosos seguiram pressionando a idosa e a orientaram a passar a noite em uma pousada de Alvorada. A ordem era de que ela não voltasse para casa e não desligasse o celular, mantendo o aparelho ocupado. A vítima passou a noite acordada em conversa com os golpistas.

Os filhos, quando retornam para casa à tardinha, estranham a falta da mãe. Ligaram para parentes e amigos, que também não tinham notícias dela, quando passaram a receber ligações de criminosos, que alegavam ter sequestrado a idosa. Pediam R$ 30 mil para libertá-la. Familiares de Taquari procuraram a polícia no Interior e os filhos foram até o Palácio da Polícia, em Porto Alegre, onde receberam apoio da 2ª Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA). Por se tratar de suspeita de sequestro, o caso também foi acompanhado pela 1ª Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que possui equipe especializada no crime.

— Obrigaram ela a não voltar para casa, ameaçando que estavam com seus familiares e que iriam matá-los. Mesmo após as transferências, continuou toda pressão, ameaças e na própria conversa eles foram conseguindo informações que a vítima mesmo, nervosa, acabava repassando. A família teve o melhor comportamento, percorreu o caminho certo, procuraram a polícia, onde passaram a ter a devida orientação — explica o delegado João Paulo de Abreu.

A polícia ainda não sabe como os criminosos tiveram acesso ao telefone dos filhos da idosa, que também eram ameaçados toda vez que tentaram ligar para a mãe. A família passou toda a madrugada de quarta para quinta-feira (29) com a polícia, enquanto a idosa estava hospedada numa pousada em Alvorada, mantendo-se incomunicável a mando dos criminosos.

Ela infelizmente quis resolver o problema por conta própria. O melhor comportamento que poderia ter tido era ir falar com um amigo ou vizinho, alguém de fora da história, para pedir alguma orientação e a levar a uma delegacia.

— Logo no início da manhã, fomos nos dando conta de que tratava de um golpe e não de extorsão mediante sequestro. Equipes foram a campo, em bancos e lotéricas, atrás dela — afirma o delegado.

A idosa foi localizada pela polícia em uma agência do Banrisul do bairro Sarandi, na zona norte da Capital, com ficha de atendimento em mãos, procurando a solicitação de um empréstimo e alternativas para sacar mais dinheiro.

— Ela infelizmente quis resolver o problema por conta própria. O melhor comportamento que poderia ter tido era ir falar com um amigo ou vizinho, alguém de fora da história, para pedir alguma orientação e a levar a uma delegacia. O próprio uso da tecnologia ajuda criminosos a ir convencendo aquela pessoa e fazer tudo que eles mandavam — orienta o delegado Abreu.

O reencontro da vítima com os filhos ocorreu na sede do Deic, na Zona Norte, após quase 24h do desaparecimento da idosa.

— A família estava em desespero. Ainda que ela não estivesse em cativeiro e nem sequestrada, eles estavam desesperados como se fosse um sequestro de verdade.

A investigação preliminar aponta que os criminosos são de fora do RS. As ligações e as contas bancárias têm origem no Rio de Janeiro. Outro caso, que aconteceu dias antes mas em que não houve pagamento em dinheiro, também teve origem em números de telefone do Rio. Há suspeita de que os criminosos façam os contatos de dentro do sistema prisional. Por se tratar estelionato, o caso será investigado pela Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações.

— Quando eles conseguem efetivamente encontrar uma pessoa que acaba comprando a história deles, colocam a vítima numa posição vulnerável. Na vítima, aflora a questão da proteção à família e aos filhos. Os criminosos, por óbvio, focam na vulnerabilidade que a própria idade provoca — afirma o delegado

Ao receber esse tipo de ligação, desconfie, tente tratar com tranquilidade e verifique com certeza se algo grave aconteceu.

Denúncias podem ser feitas pelos telefones: 0800-510 2828 | WhatsApp e Telegram: (51) 98444-0606.

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